Onírico

Ah, por lá eu caminhava sozinho
Sozinho, e me acompanhavam tantos...
Ecos,
Tua voz? Ecoa, e faz voar
E quando viraram pó
Eu apenas caía, entre minhas imagens
E entre ela.
A neblina. E como amo a neblina.

O que são as cortinas vermelhas?
Elas escondem
O universo...
Tu és o ceu,
Tudo o que posso contemplar.
Sei que posso...

La o cântico,
E de lá, os ecos amantes.

A neblina! Faz voar, e eu apenas caía,
Submerso a o que contemplava

Narcótico

Revolução
Revolucionado
Flores ao chão,
Porém ainda amado,
Nasce a flor.

Mesmo o sol, chora em seu devaneio
Lágrimas... Nada mais
Nada além do fogo
Nada além
Nada além do nada
De mim.

Lágrimas,
Flores ao chão
E elas nao nascem mais,
E ainda a ama...

Meu canto chora seus anseios,

Vasto, vazio...

Ilusões que queimam minha febre,

Dor ardente...

Laceram minhas dolências

Despiram meus olhos, traz-me a venda,

Tu, lembrança onirica -

Disfarce do que sobrevivo.

Meu grito sussurra

Fulguras, murmúrios

Inacabado...

Entregue

Chora, violão meu
Disperta em milongas
Bordoadas nativas
Sobre vozes apaixonadas, sobre trova, espadas...
Nuas, cantam, ferem atadas,
Minhas mãos atadas!
E cordas dedilhadas a visão,
Sonhar.

Sobre Sonatas e Vendavais

Sonatas que choram o cavalgar dos ventos
Uivos, olhares,
Ascende, oh invernal!
O que em pautas criaste
É ópio, lubrico
Incêndio
Porta do abstrato rosto de inquietudes
Traça em condução, maestria!

Ventania!
Vasto viver, por velas ventando;
E apago, e sussurro
Sóbrio, não, abuso
As folhas secas caem sobre mim.

Exílio

Prostado, o errante turvo deleitava-se em tragédias
No toque desta pele, pálida agrura
No caos que emana em duas faces
Em súbitos orgasmos
E súbita dor
Dor que fere, mas não afaga
Ah... Tais como o repouso
Que deseja ao exílio, oh
Exilado.

Desconhecia o ópio que a mim
Submetia em jubilo, em trágica desilusão
Crema em gelo, solitude,
Arma de bastardos a minha sórdida imagem...
Perdição!
Ah, se capaz ei de tornar liberdade enevoada,
Minha liberdade enevoada...
Tantos e cantos, ecos de dispersão, perdição!
Perdição...
Então passe a gemer,
Suprima, sublime sarcasmo, sombra de sentido soturno,
A lama que nadas, que nado,
Um nada.
Esquivo o córrego do âmago raso, que carrega nos seios,
A perdição...