quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Manifesto

Nossa urgência é pelo erguer dos punhos, e não só das mãos em um pedido de socorro. Não só da misericórdia desatenta - é preciso acompanhar ( ) ao lado dos aflitos, marchar como angústia, ser o crime e o desacatto; pois da ordem são confeccionadas as chicoteantes, paralisantes, ácidas algemas alienantes...

Estremece o verve
Dos frágeis desajustados
Aos trapos e trocas de passos
As vozes proclamam:
- Nós somos a rebelião!
Nós somos o motim,
O corte na garganta do cárcere
Que desfaz o câncer na garganta da fenda

(Por onde escorrem o pífio, o ínfimo, o fraco)

O lar das vozes que amam:
Queimar, tanto quanto falar
escutar
o incêndio
que asfixia a revolta.
A revolta
que incendeia
A própria chama.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Planos são meros enganos
Por baixo dos estigmas
Por baixo dos panos

Planos

Eles se encontram aniquilados
A deformação nasce da guerra
A deformação nasce do mérito
Da fé que maltrata em cruz.

Capturadas as mãos que crucificadas
Exterminavam com pregos (pontiagudos)
Os que repetem assim a busca das mãos enrugadas
Para consumir
Sua sede de vida.

O protagonista
(velho, bêbado, saxofonista)
Se despede
E vai de encontro ao drama

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Nam-Myoho-Renge-Kyo-Nam-Myoho-Renge-Kyo-Nam

Te escrevo
Porque te sinto
Te sinto
Porque não sei porque (porque as sombrancelhas surpresas, o gesto, mínimo gesto, e minha confusão se transforma no mesmo instante na condição da tua presença imensurável e VIVA, MUITO VIVA, entorpecente, tanto sabor do teu sabor)
Te escrevo sem querer, sem saber
Te escrevo
(onisciente)
Porque juntos somos
A alvorada.

Andorinha
Sol caindo!
Andorinha
Ilha do pensamento fértil
Andorinha
Textura da água (pequenos seres)
Nuvem (rápida!)
Pupila
- Misteriosa
pupila - esfera negra que não cai
Andorinha
Bem-te-vi.

Te escrevo
Porque (te) vejo
Tão perto de mim...
Do abrigo
da rede que balança
teu peito no meu.

Escrevo
Porque
Em ti
Escrevo
Com língua e cinco elementos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Nos pares do encontro do encaixe no corpo encontro
Kaimé e Kayru-kré em confronto (criador)
(O encanto:)
Pequenez do que separa (em união)
Teu ventre do meu suspiro

Respiro
O suave da suavidade e não apenas o peso de seu preâmbulo
Os mananciais do sublime que ressoa na fonte (libertária do teu oceano) da calma que irrompe em ascensão
Como fronteira para o andarilho
Ou o barco que não atraca no cais,
A satisfação das maçãs colhidas da queda entre carícias do gramado de fantasias de infância (permanecerão)

Purpur(in)a
das amoras,
das amoreiras,
Suco que banha e sacia os corpos selvagens
Uivantes sob o cisma do medo.

Teus lábios
São utopia.