quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Escrevo sem perceber que desenho teus traços de alma da aquarela pulsante de um sutra esquecido: o aprendiz, poente a sorrir e silenciar o verso que se apaga em Nirvana. Nossos segredos nada secretos, nada sagrados, nada sucintos ou abstratos, o mais profundo querer, que como um casulo, prepara para o plenilúnio doce e remoto, já alcançado enquanto o sufoco prepara seu funeral. Pequena e pungente, maremoto de absinto, tonteante e verdadeiro; partitura e poema na partitura no poema NO AZUL!
Entre tuas asas
O ramalhete da pureza -
Precipício,
é teu beijo de revolução.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Beija-flor
Tuas origens
Famintas de sutileza
Percorrem as teclas do piano por onde deslizam desejosos os delírios do teu castanho evanescente
Em harmonia
E quietude.

Me exilar no teu corpo salgado,
E explicar ao tempo
Que não mais retorno
Senão à curva em desvios e acidentes de encontro ao teu suor,
Apenas ao idílio incendiário e ininterrupto das tuas mãos vibrantes e acolhedoras,
Emolduradas por estrelícias alvorecentes.

Tua dança sobre pés descalços
Anuncia entre os inefáveis campos do desapego
A espera
Do inevitável
Verão de sossego.
Súbito
Como faca que rasga e fura, cintila seus caules vermelhos de prata fria
Gélida e enfurecida
O triunfo do óbito
Absorve a overdose da carne
A sombra é o negro do ópio
e lava das erupções
Inexpressiva e cíclica se desfaz em sombra e silêncio
Súbito (como)
Eclipse devaneante e súdito como as pegadas os rastros as ciladas nos frascos, fractais que miram o passado do próprio reflexo

O espinho é penetração e sangue derramado
As lágrimas o espírito de êxtase nebuloso
Os meteoros que não são vistos
No estranho
Obsessivo
Como aguda e insatisfeita promessa

No abismo
Tudo um dia sucumbe
A fraude dos temores resigna seu próprio compasso
Fracasso!
(Não pretendia o degolamento catastrófico da vertigem, como rasgam as cortinas da catarse)
Quero te despir
Suavemente
Como o sopro
e o vendaval.