quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Quietude


Lembranças vivem em cada resquício
Cada resquício
Uma subvida
dividida
No que foi eterno
E deixou de ser presente.
Resquícios vivem em cada corpo teu
Lembrança é o silêncio.

Naveguei como imagem em ti
Que és vinho,
E o mar é feito de ondas
Que se quebram.
Eu como pescador, feito de dor
Minha rede rasgada
Como diadema do pó
A areia que se esvai com a onda breve,
Porque o que amo é feito de um nó.

Mas se sou também
emaranhado,
E quando me desfaço
Pandora,
Só posso assim beijar os látegos
Do rosto transparente do tempo
E assim amar
Teu rosto de espinhos de fel.

E nada do que foi
Quebra teu cálice,
Nada do que fui
Quebra minha metade tão tua,
Tudo que despedaça
é minha metade sozinha.

Os meus destroços
São todos teus.

2 comentários:

Stigger disse...

Bom poema. Todo o poeta tem que passar - nalgum momento - esse lance de "serei teu pra sempre, não importa o que rolar - ou o quê rolou...". Fizeste essa poesia, me parece, com um tom de tristeza que ficou descomunalmente divino. É uma tristeza só, resumindo.

aishauihsaiuhsiauhs

Ficou du'caralho!

:D

Gih Wyvern disse...

lágrimas se esvairam de meus olhos ao ler este poema teu... bah, tu é realmente incrível!