domingo, 26 de outubro de 2008


Ah, teu corpo!
um evoé...
onde cada orgasmo é um canto
e meus lábios
- meu toque -
o corifeu.

Engendrastes
minha queda primaveril
Dessas que nascem pra morrer,
Fantasiar o chão
com o sabor vermelho
de dor,
Saber vermelho de dor.
Engendrastes, primavera
do teu ventre cético
- mortes -
Fatigadas de máscaras
rasgadas
- fatigadas -
Do Morfeu descalço
espelhado
Todo desespero é embriagado.
Como toda aurora
Todo mar
Tudo que se apaga
Tudo que é eterno, e se apaga
Que se apaga,
Que não existe.
Minha queda primaveril
Mais leve que o vento
Mais vazia que a janela aberta
Sem a luz do sol.
dor que sofre, mais desmedida
que acordar no equilíbrio
Mais triste
que eu.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Volta...




Um corpo de fogo, de cinzas frias
Calor frio,
Tão perto do chão,
do céu...

Veste a aurora mais incomum
Modelada em preto e branco,
cor da esperança desesperada
criança que espera austera
auspício da dança, Ah!
Diadema da tortura mais pura
lancinante idílio que dura
A eternidadeda lua de neve
do corpo de fogo
de cinzas de fogo
Perto de mim.



quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Quietude


Lembranças vivem em cada resquício
Cada resquício
Uma subvida
dividida
No que foi eterno
E deixou de ser presente.
Resquícios vivem em cada corpo teu
Lembrança é o silêncio.

Naveguei como imagem em ti
Que és vinho,
E o mar é feito de ondas
Que se quebram.
Eu como pescador, feito de dor
Minha rede rasgada
Como diadema do pó
A areia que se esvai com a onda breve,
Porque o que amo é feito de um nó.

Mas se sou também
emaranhado,
E quando me desfaço
Pandora,
Só posso assim beijar os látegos
Do rosto transparente do tempo
E assim amar
Teu rosto de espinhos de fel.

E nada do que foi
Quebra teu cálice,
Nada do que fui
Quebra minha metade tão tua,
Tudo que despedaça
é minha metade sozinha.

Os meus destroços
São todos teus.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Metade.

Me banhei num eco qualquer
de um sonho sem rosto
da pouca vida sem sonho
do invisível
que esmaece
Como num alguém qualquer
que acorda pra luz do sol
Se queima.
Deseja ecoar sem um grito, de flor
aos prantos
Mas não existe o pincel, a tinta
a cor,
Não existe a fotografia, a meia fotografia
Rasgada por tudo que canta pra ninguém ouvir
E o aplauso é o próprio canto de vela
dessas que logo se acabam...
Consumidas pelo fogo
Que de lágrimas brancas
faz de novo o sol
Ele só esmaece...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Das lágrimas que escrevi
Escrevi
Tantras de desequilíbrio.

Tuas mãos derramaram
O sangue da tragédia que mata
Não da tragédia que ama...
Do labirinto nos teus pulos,
Esparramado - esculturado em uma clave de dor comprada
A minha dor perdida em um terreno baldio
No centro
da cidade.
Pois minhas mãos sabem do tato
- os olhos que penetram teu cheiro de papoulas lascivas -

Não fiz do sangue uma queda d'água
Ou a morte do ideal,
E minhas mãos,
O tanto que sabe
Ainda sente teus seios...

terça-feira, 6 de maio de 2008

Labirinto


Uma manhã de despedidas, uma tarde de reencontros. Como seria eterno, como seria efêmero... O verão amanheceu o desabrochar de um nascimento - tardio; o aborto na tragédia, trágico tenro torpor, em trastes trajado, tão triste, tão invernal fogo. Que poderia a chama se não chorar? És inalcansável, e por isso te toco e não te possuo; qualquer sentido um câncer, sentido fantasiado em qualquer escuro, um encanto sentido por ti, réplica, por mim. Todos encantos beijam, e seus lábios, a loucura, eles festejam. Lúbricos, desinibidos; Ah, morbidez... Pois deste espelho, dancei sobre meus corpos a primavera. Uma flor pantanosa. Uma flor de lótus. Roto, beija o sopro vendaval.


Uma manhã de despedidas


E a eternidade...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Enterrado

A vida longa
Da ciência e da razão
Tão... racionalista,
é um túmulo.
A breve vida eterna do poeta
Que morre de overdose
Que morre nascendo, e dá a luz -
Vermelho.
Que morre de tristeza.
E porque não seria, a morte do poeta,
A morte mais bela de quem vive?
O tempo não matou seus filhos
Eles estão sentados no centro,
Nos bares, nas calçadas,
Nos olhares...
E agora entram os violinos, levemente o Cello perde a timidez.
Nossos olhos, mutilados e febris, e famintos, e dor, gritantes! Queimando,
Cada discurso em cada palavra!
- Grande silêncio -
E quem para nos ouvir?
Alguém deve de estar ouvindo.
Pode,
Quer,
Risos, sarcasmo.

Estão ocupados e surdos, a indústria entope seus ouvidos -

Com merda.

Estão assistindo tv.

Merda.

O copo não.

Por isso o poeta chora.

O copo não, ele existe pra sorrir. E esquecer, quem sabe.

Destilado
Deste lado do bar.
Da mesa, a esquerda
Embriagada,
Cuidado, meu amor,
A hidra é o luxo -
Que as minhas lágrimas morram,
e de seu pescoço regenerem-se mais cabeças
Do que o luxo.

Acordado para mais uma noite
Abaixo da terra.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Partes de um Louco.


Laços, entrelaçam-se
Sem se preocupar com o nó...
São estes ensarilhos, amarrotados
Que tanto cantam em devassidão.
Que sussuram, tao só.
E tão só.

Apaixonados!
Eriçados ensandecidos, êxtases estes escondidos
Entorpecidos, ecóico entendido -
Por quem morre...

Uma camisa de força,
E abraço o mundo.
Uma forca,
E o mundo me abraça,
Como quem pinta um quadro, negro
Desbotado.
Mas tão colorido, parece vivo,
O poeta. O quadro?

Eu, louco, presente –
No discurso do fanático.
No silêncio da decepção.
No discurso do apaixonado.
No silêncio da decepção.
Um presente.


domingo, 13 de janeiro de 2008

Tanto tempo...

Mil anos
Cada lágrima, cada ano
Cada ano, uma vida
Desiludida
Cada momento uma ferida
Ferida por mil risos

Nascente, poente
Pouco importa, o fim nos mente
Mas o início também.

Mil planos
Cada rosa, cada espinho
O plano, um homem, mil mãos
Ele é cego. Não sabe tocar nas cores.

A chuva, outra vida
Existencia perdida.